Carta para Helô e tod@s que são filh@s

Querida Helô, 

Quando comecei a escrever esta carta tu ainda estavas na barriga da tua mãe.  A ideia não foi minha. Numa tarde quente de Belém, recebi uma mensagem de Mari Joyce (M.J.) (nem sei se já posso falar o nome dela...). Na mensagem ela dizia que eu devia escrever uma mensagem pra ti, em segredo, e que nunca, mas nunca poderia falar o nome dela, para não estragar a surpresa. Quem leu Harry Potter, sabe o que isso significa. Tive medo. Mas aceitei a proposta. Comecei a escrever, mas as atribulações do dia a dia, não me permitiram concluir. 
A ideia de M.J. era de que todas aquelas escolhidas para a escrita da mensagem, a entregassem no dia de seu Baby Chá. Mas eu não escrevi. Logo eu, amiga uterina de sua mãe. Crescemos juntas, brincamos, nos divertimos, fomos associadas do “Clube Lagoa Azul", fomos aos shows na antiga “A Pororoca", andamos juntas da praia do Areão ao Murubira, confidenciamos amores, compartilhamos sofrimentos e momentos alegres. Logo eu... 
Cheguei ao Baby Chá me esgueirando pelos cantos, tentando me esconder, mas M.J. me achou: “tu és a Babi, né?!, trouxeste a mensagem?”. Demorei uma infinidade para responder, revi minha vida toda com Carolina e respondi um desavergonhado: “não, esqueci”. No que M.J. saiu reclamando: “esses jovens...”. Por um lado, fiquei constrangida por ter usado essa desculpa esfarrapada. Na verdade, não esqueci, eu fiquei sem palavras para lhe escrever essa mensagem. Era tanta coisa pra dizer, em tão pouco espaço, uma mensagem... Por outro lado, fiquei feliz, eu era “xóvem" de novo e aquela ruga entre as sobrancelhas poderia esperar o botox. 
Tu nasceste, oito meses se passaram e agora venho te entregar tua mensagem, que a escrevi nesta singela carta. Continuo sem palavras, o mundo mudou. Uma doença estranha acamou milhões e tirou a vida de milhares. Tive medo de novo. Mas um medo genuíno. Tu tiveste febre, sua mãe também e toda sua família. Sofri e pouco pude fazer. Mas tudo deu certo. Ufa! E hoje, quando vi um sorriso largo postado numa foto no Instagram, vi que o perigo passou. 
Hoje lhe digo algumas poucas palavras soltas: desejo que tenhas saúde sempre. Seja serelepe! Que suas bochechas fiquem rosadas sempre que pular, correr e brincar! Brinque muito! Leia! Quem lê, viaja. Coma frutas, legumes e verduras! Beba água. Passe protetor solar. Lave as mãos. Fique em casa. Ame(m) sua(s) mãe(s).

Com amor e algum atraso,

Babi.  


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