O bolo que faz chorar
“Alô, Babi, minha filha, tudo bem?”. “Oi, tia Lourdes, tudo bem. E com a senhora?”. “Estou te ligando pra saber o que queres ganhar de aniversário”. “Oh, tia, a senhora já sabe o que quero ganhar.” No que ambas falavam juntas: “Bolo de baba!”. E caíam na gargalhada. Este era um diálogo comum com a Maria de Lourdes Fonseca, a tia Lourdes. Todos os anos, próximo de meu aniversário ela me ligava para perguntar sobre meu presente e a resposta era sempre a mesma: bolo de baba, que se tornou então uma tradição em minhas festas de aniversário. Um bolo delicioso preparado magicamente por ela e que atravessou gerações de aniversariantes da família Fonseca. O ritual era o mesmo: no dia da festa ela chegava carregando o bolo de baba e ainda trazia o não menos delicioso espumone, uma sobremesa gelada com três coberturas: uma de chocolate e biscoito, outra de leite condensado, basicamente, e uma terceira de clara em neve, creio eu. (Eu não sei a receita, só comia.) Meus olhos brilhavam. O bolo d