Tem que saber pedir
Passado mais de dois meses, Alice está mais adaptada ao cotidiano da quarentena. Já tem um novo horário para acordar, as nove horas da manhã, e que sua tia Margarida não soubesse. Mesmo aposentada há mais de trinta anos, continuava acordando antes do sol nascer e não via na sobrinha disposição para tal. O que é uma verdade. Mas Alice não se importava, a não ser nos dias em que Margarida liga cedo para ela, só pelo prazer de dizer: “poxa, ainda estavas dormindo?! Eu hein!”. Quase todos os dias Alice prepara o almoço. Quando não quer comer o trivial arroz, feijão (que ela aprendeu a fazer na quarentena) e bife, procura receitas na Internet . E descobriu uma página de uma chefe de cozinha que ensina receitas em uma panela só. O que dificulta, às vezes, são as receitas que levam endro, figo, alho-poró, que Alice não conhece e nunca comeu e o aplicativo de supermercado também não. Daí então ela volta para o trivial ou pede pelo delivery de comida. E quando recebe a fatura do cartão, semp