A gente não se acostuma
Há dois anos, minha irmã e sua família mudou-se de
Belém, capital do Pará, para o interior de Pernambuco, uma cidade chamada
Petrolândia (Petrolina? Não! Petrolândia!.), pois uma nova oportunidade surgida lá
demandou este grande movimento espacial e emocional por parte deles. A própria
cidade também já havia passado por um processo de mudança, ocorrida há 30 anos,
quando a “Velha Cidade” foi inundada pelo rio São Francisco e uma “Nova
Cidade” precisou ser construída, a qual procurou receber bem os novos moradores, também migrantes, afinal guardavam
entre si esta identificação.
Cidade pequena, localizada no sertão pernambucano, com
uma população de pouco mais de 30 mil habitantes, distante mais de 400 km de
Recife, a nova Petrolândia é a “capital pernambucana da coconicultura” e seu
principal aconchego é o rio São Francisco, o Velho Chico, que corre às suas
margens e trata de envolver com encantamento aqueles que ali chegam,
distraindo-os das dores da saudade.
Desde a mudança, ela e sua família já retornaram a
Belém 5 vezes! E isso se tornou motivo de competição entre eles e a outra parte
da família que ficou em Belém, pois nós só viajamos a Petrolândia uma única vez,
com promessa de retorno ainda não cumprida. Inclusive, eles estão agora, neste
momento, em Belém do Pará passando férias. E é sempre uma alegria a vinda deles:
arruma-se a casa, prepara-se as comidas típicas e o isopor da volta, planeja-se
os passeios, disputa-se quem irá hospedá-los, há a quebra da rotina de todos aqueles
que ficaram e agora os recebem como visitantes.
Mas como afirmei anteriormente, eles se mudaram para
Pernambuco, e apesar do sofrimento inerente as partidas, eles constituíram novos
empregos, matricularam as crianças em uma nova escola, criaram uma nova rotina,
fizeram novas amizades, conheceram novos ritmos musicais e cantores, novas festas e manifestações culturais, incorporaram
“ôxi”, “mainha”, “painho” e “topado” ao vocabulário e não pretendem ou tem
planos de retornar a Belém e daqui a pouco estarão voltando... para lá e uma nova
despedida acontecerá, entre choros, abraços, risos, beijos, mais choro, mais
abraços e mais beijos... Definitivamente, a gente não se acostuma.
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