A banalização da tapa na cara
Distraída com uma das
coisas mais importantes dentre aquelas menos importantes da vida, isto é, as
novelas (da Globo), me dei conta de uma situação que já havia sido motivo de
incômodo para uma amiga de visão e mentalidade mais perspicazes no que diz
respeito as coisas mais importantes dentre aquelas menos importantes da vida: a
banalização da tapa na cara.
Independente do horário
e gênero da novela, da faixa etária das personagens ou do nível de dramatização
da cena, hoje em dia é fácil se deparar com uma tapa dado por um ator ou uma
atriz naquele com quem encena, que pode ser seguido ou não por um revide; uma
sequência de tapas numa mesma pessoa; um tapa em pensamento; e até autotapas,
ou seja, aqueles dados em si próprio pelo ator em cena quando, geralmente, o
mesmo se autocritica violentamente: “como eu sou idiota!”, “slapt”; “como eu
fui burra”, “slapt”; e por aí vai.
Os motivos para as
tapas em série também são os mais variados, indo desde as clássicas questões novelísticas
como traições afetivas e/ou amorosas; a descoberta de um segredo; a descoberta
do vilão ou da vilã da trama; até as questões mais banais, esdrúxulas ou
preconceituosas como uma irritação; uma incorporação espiritual; opção sexual;
escolha religiosa; inveja; gula; preguiça; beleza; feiura; comer o último
biscoito do pacote.
Foi-se o tempo,
portanto, em que as cenas contendo tapas eram as cenas de finais de novela,
atreladas a desfechos reveladores e descobertas das armações e falcatruas de
vilões e vilãs. Tempo em que tapas na cara eram privilégios de Odete Roitman, Maria
de Fátima, Perpétua, Raquel, Nazaré Tedesco, para citar algumas vilãs que
mereceram uma boa tapa na cara.
Hoje em dia, no
entanto, tapas não distinguem mais mocinhos de vilões e são dados em homens,
mulheres, adolescentes, quiçá crianças; homens em homens; mulheres em mulheres;
mulheres em homens; homens em mulheres e não se presta uma denúncia em
delegacias da mulher. O problema disso tudo é que novela dita moda. Meu medo é
se essa moda pega na vida real. Eu hein!
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