Alice fez 30!

Alice recebeu uma péssima notícia recentemente: recebeu conceito insuficiente no trabalho final de uma disciplina da universidade. No entanto, a professora resolveu dar uma segunda chance aos alunos “insuficientes” e então Alice terá que refazer o trabalho para alcançar um conceito melhor. Porém ela reagiu de modo, no mínimo, inesperado a esta notícia, logo ela que introjetou até a autoridade do Papa em seu superego: deu de ombros e resolveu deixar o trabalho pra lá. Ela quer falar sobre seus 30 anos.

Alice fez 30 anos e prometeu contar a um amigo como é chegar lá. E resolveu descrever a nova idade arrolando os pontos positivos e negativos. Fazer 30 anos e surpreender as pessoas que pensam que você tem 23 anos é algo sublime. Não conseguir mais vestir as calças jeans de numeração 36 de quando você tinha 23 anos é algo frustrante. Sair para jantar com os amigos, namorado, mãe, irmãs, sobrinhos e pagar a conta com dinheiro é algo emocionante. Ir para a academia como se você fosse um atleta e não tivesse vivido quase 30 anos como sedentária, malhar sério e pesado e sair de lá com uma lombalgia, é algo preocupante. Poder pagar um curso de idiomas em uma escola bem conceituada (o que também significa cara) e ainda comprar o material didático ao invés de bater xerox, é algo gratificante. Ir ao cabeleireiro, dar uma repaginada no visual e ouvir: “Nossa! Tem um monte de cabelos brancos atrás das orelhas”, logo onde você não pode ver e puxar os fios indesejáveis, livrando-se deles, é algo irritante. Mas ir ao cabeleireiro fazer uma coloração para esconder os cabelos brancos e não ter mais que pintar o cabelo em casa porque não deu para pagar o valor que cobram no salão, é algo recompensador. Abrir a porta da sua casa, olhar para a rua e ver que seus amigos de infância não moram mais lá, é algo triste. Pegar o celular e telefonar para qualquer um de seus amigos, que ainda são os mesmos da infância, é algo fascinante. Receber a notícia de que você tirou um conceito insuficiente na disciplina da universidade é algo chato. Mas perceber que aquilo é importante, mas nem tanto quanto deve ser, que você tem coisas mais importantes com que se preocupar, como escolher o porcelanato para o apartamento novo que você comprou e que você tem a chance de refazer o trabalho e corrigir os erros, é algo libertador. Seja bem-vindo, 30 anos!

Comentários

  1. Gosto do jeito como a Alice encara as coisas... Parece que a cada ano vai ficando mais leve e distinta. É realmente inspirador, já estou até pensando em voltar a frequentar uma academia...rsrsrs

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  2. Pela descrição das Crônicas de Alice, diria que no fundo, ela ainda é uma menina que, corre, brinca, ensaia e encena a vida.
    Nada lhe escapa aos seus olhos miúdos e aos seus sentidos
    Curiosa, atenta, vaidosa, levada às vezes, mas sedenta de amar, de cuidar de amparar...
    A verdadeira alma feminina, alma de mulher!
    Agora aos trinta! Todas as virtudes e qualidades se reforçam, buscando se auto- afirmar
    Cheia de quero mais, de não se conformar, idealiza a perfeição, a beleza então? Nem se fale!
    Sua ânsia e determinação vai além do desejar ser uma grande mulher, o céu é seu limite, e ela encara os desafios e vai...a menina moça mulher!

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