Feliz aniversário ou "quase trinta"

Dizem por aí que um mês antes do aniversário a pessoa vive o chamado inferno astral. Coisas como pisar em coco de cachorro, acabar o rolo de papel da caixa registradora de supermercado na sua vez, faltar água enquanto se ensaboa ou perder o ônibus quando já se está atrasado para o trabalho acontecem todos os dias, todas no mesmo dia ou em dias alternados, para a pessoa relaxar e pensar que são infelizes coincidências da vida ou coisas de Murphy.

A pessoa começa também a fazer um balanço da sua vida desde o nascimento até os dias atuais e surgem muitos questionamentos. Porque escolheu essa profissão e não aquela; porque comprou blusas do mesmo modelo com cores diferentes; porque comprou blusas que não precisava; porque possui quatro batons cores de boca; porque morar numa cidade que não tem praia; porque gasta mais do que seus amigos Master e Visa deixam!

O tempo do inferno astral é também um tempo de percepção de si. Começa a notar que seu tríceps balança quando dá adeus. Que a sua cintura ficou em algum lugar, lá atrás, na adolescência. Que os anos de happy hour deixaram uma recordação na região abdominal. Que uma simples corrida pode ocasionar uma contratura muscular. E que quanto mais você come, maior a tendência de você engordar e não o contrário, até porque o tal do metabolismo já começa a apresentar sinais de ingratidão.

Alice, coitada, está passando pelo inferno astral e está vivendo toda esta experiência que ela chama de “quase trinta”, o que já é indicativo do drama que Alice está fazendo a espera do seu aniversário de 30 anos que será (pasmem, caros leitores) só daqui a dois anos! Pelo visto este será um longo inferno astral. Logo eu que pensava que Alice só fazia desaniversários.