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4 igrejas + 3 exposições = nossa própria tradição

Uma tradição da minha família é percorrer as sete igrejas na sexta-feira santa. Desde a infância fui iniciada pela minha mãe nessa tradição e acabei influenciando meu marido Fábio. Este ano de 2023 eu hesitei em ir, queria aproveitar o feriado para descansar, (professora sempre quer descansar), já era tarde, 11h da manhã, e eu ia criando várias desculpas para mim mesma, mas Fábio me convenceu a ir, pois ele é um homem de muita fé e além do mais, ele prometeu que faríamos o percurso de carro. E lá fomos nós dois juntos e sozinhos pela primeira vez. E inauguramos nossa própria tradição. Primeira parada: catedral da Sé. “Babi, vou rezar ali naquele banco”, “eu vou olhar Nossa Senhora das Dores”. A santa cercada de fiéis fazendo selfie. Uma mulher bateu no braço de outra, pois não queria que ela aparecesse na selfie dela, “te acalma, mana, é Páscoa”, reclamou a que pegou tapas. E eu fui logo rezar em outro lugar antes que eu pegasse uma tapa também. Segunda parada: Igreja de Santo Alexandr

Uma história para mais pessoas

Só quem utiliza Uber, sabe o desespero que é ter sua corrida cancelada quando se está atrasada para algum compromisso ou quando a vontade é de querer chegar logo em casa, depois de uma dia cansativo de trabalho. Ontem o desespero foi tanto que corri atrás do Uber, mas era o carro errado!  O primeiro motorista havia cancelado, o segundo demoraria 10 minutos para chegar e eu resolvi esperar, ainda mais depois da mensagem “estou chegando”. Que alívio! Dez minutos distraída no reels do Instagram ajudaria a passar o tempo. Porém, quem repentinamente passou rápido na minha frente foi o carro do uber. Cor, modelo e números finais da placa correspondiam com o carro que eu estava aguardando, mas ele continuou descendo rua abaixo e, aparentemente, me ignorando. Eu não pensei em outra coisa, enquanto escrevia ao motorista uma mensagem desesperada: “estou aqui”, “volte”, “você passou”, eu corria atrás do carro. Do alto de um prédio, um homem gritava pra mim: “é Uber? Ele não pode voltar nessa rua,

Nossa Senhora Apaziguadora do Uber

- Bom dia! - Bom dia! Fábio quem pediu o Uber. - Isso. Tudo bem. Começa a viagem: Ferreira Pena. D. Pedro. Generalíssimo. Oliveira Belo. D. Romualdo. Bernal do Couto. Doca. Ó de Almeida. - Mas, moço, tá dando muita volta, vá por aqui mesmo pela Doca. - Não! Eu tô fugindo dos engarrafamentos. Alcindo Cacela, Senador Lemos, Tiradentes tá tudo engarrafado. - Não dobre aqui, é contramão! - Aqui não é contramão não. - Tá dizendo, então não é... “Eu vou dar um soco nesse homem!”, pensei. Enquanto passei os anéis da mão direita pra esquerda. E seguimos: Ó de Almeida. Piedade. Tiradentes. Barulho de sirene. “Deixa a ambulância passar”, pensei. Não deixou... “Isso é um FDP mesmo!”. E o que eu pensava ser uma ambulância, era uma caminhonete transportando a imagem de Nossa Senhora de Fátima e passou bem devagar ao lado do carro do Uber.  Meus olhos lacrimejaram. O motorista perguntou: “Qual é a santa? Nossa Senhora...?”. “Nossa Senhora de Fátima”. Ele fez o sinal da cruz e levantou as mãos revere

Exaustão aberta? Acenda o farol!

 - O que estás fazendo? - Preenchendo pagelas de notas. - O que são pagelas? Acreditas que li panelas?! - Há! Há! Há! Deves estar com fome ou com vontade de bater panela para gritar um "Fora, Bolsonaro!". Pagela é um documento para preencher as notas dos alunos. - Agora entendi. Podes fazer um pix para o supermercado das meninas? Dez segundos depois... - Já fix! - O que é isso? Não entendi. - É a contração de fiz + pix: fix. A frase fica longa e cacofônica: “já fiz o pix”, melhor dizer logo: “fix”. - Nossa! Poesia total. - Há! Há! Há! Essa pandemia precisa acabar. - Vejo cansaço em tudo. Olha essa foto. - Ficou ótima essa foto! "Exaustão está aberta". Há! Há! Há! Já deu uma crônica aqui. Peraí que vou escrever senão esqueço. - Vou mandar uma foto melhor. - Por isso que agora passo o dia ouvindo música. Acenda o farol, já dizia o grande Tim Maia. - Adoro essa música! - Então vai logo ouvir e fechar a exaustão.     

Como vivem os idiotas ou até quando?

Uma conversa entre uma criança de 5 anos hoje em dia e uma criança de 5 anos há cerca de uma década, por exemplo, não teria o mesmo grau de seriedade e comprometimento consigo mesmo e com o próximo que existe atualmente: “Benjamin, vamos fugir pra Mosqueiro?”, “Você quer ir pra praia?”, “Ai, meu filho, eu quero...”, “Mas não pode, Babi, tem o coronavírus!”. E a conversa se encerra, com uma pessoa adulta encurralada por uma criança de 5 anos. É público e notório as mudanças na rotina causadas pela pandemia do coronavírus. Em maior ou menor grau, populações do mundo todo tiveram que encarar uma nova realidade que incluía ficar em isolamento social, estabelecer pouco ou nenhum contato físico e hábitos de higiene mais rigorosos, até mudanças na forma de consumo, com acesso a serviços de aplicativos de entrega de produtos dos mais variados, desde medicamentos, vestimenta até pão careca. Mas também é sabido que esta nova realidade não foi acessível a todos, de um lado, pela necessidade d